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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Trailer NA ROTINA

Carta de um espectador

Santa rotina....

‘Cada escolha é uma renúncia’ – cresci ouvindo essa máxima, nunca pensava nela profundamente até que, um dia, cresci ou passei a crer que me dizer adolescente não era apropriado. Sai da boemia e escolhi uma vida que me enche de medo, sou cheio de responsabilidades e ainda fico pensando, o que só faz piorar a agonia de viver. Porque a ignorância é realmente a chave para a felicidade, mas uma vez infectado pelo vírus da curiosidade, nunca mais o sossego é pleno. Às vezes eu me encontro com a Boemia e nela encontro a vida, os sonhos e a leveza.


Ver seu espetáculo foi embriagar sem por álcool na boca, na veia, na vida. A cada canção, passo vinha inúmeras lembranças de uma vida que deve ser mais vivida e sonhada. Só em um bar a gente prever o futuro e tem medo do amanhã ou do ontem, o grande medo pavor do revés… Como não se apaixonar pelo cenário e suas mesas flutuantes? Ou pela belíssima trilha sonora (ainda que o som do SESC não ajude)? Como não querer sair do teatro para um bar? Ir para o bar ouvir aquela banda, aquele trio.


É lindo ouvir o Marcos França escorregar a poesia com sua bela interpretação, como é suave e venenoso o Antonio Pedro Borges derramar a poesia de bar sobre a mesa. Édio Nunes e sua bela voz faz a gente chegar ir para casa e pedir uma dose de Vinicius e Tom e beber um porre. Sheila Mattos e sua bela voz, seu lindo olhar. E o que é o sorriso de Letícia Madella? É o Lupo, é o malte, é o brilho do terceiro cole. Fruto do mato, cheiro de jardim, namoro no portão, domingo sem chuva, uma festa, um violão, uma seresta. Um belo espetáculo, uma bela produção.


A sorte me brindou com uma bela noite mais uma vez. E sempre fui um boêmio sortudo e agradeço muito e sempre pela sorte que tenho, ainda que sou tão distraído e impressionável. Paranóico, confuso, cansado e muito satisfeito – talvez até empanturrado, ou pode ser apenas um mecanismo de defesa acionado pelo medo de perder. O bar é como um amor que escolhi, ainda é paixão que aumenta, planejamos, (eu e o bar) fugir de casa como velhinhos rebeldes quando os meninos forem grandes para desejarem distância dos pais, planejamos nossa cerimônia oficial de casamento. Planejamos ter uma casa no campo para plantar nossos livros e discos e a utopia de viver em paz. Nossa sintonia é tão grande que dividimos pensamentos, e cresce… Escolhi aceitar esse amor pela boemia, ainda que não me considere digno de tanta paixão.


Ser boêmio não é ser vagabundo, é estilo aventureiro de se jogar no perigo. Ter a cara sempre cheia de coragem é o que fez a vida tão interessante até aqui. Então vamos protejer nossas bebidas e nossos petiscos. É emocionante apesar da rotina ser, quase sempre inevitável. É fundamental no boêmio ter um mundo desabitado, ter esses dois reis para governar os monstros que criamos antes de eles existirem – cada bar é um pequeno herói que me salvam de mim.

Quero agradecer a vocês...

Genilson Barbosa